A cantora Anitta e a jornalista Izabela Camargo foram diagnosticadas com a Síndrome de Burnout o que levou as duas a se afastar temporariamente do trabalho.
Mas o que é a Síndrome de Burnout?
A Síndrome de Burnout é reconhecida mundialmente como uma doença crônica ligada ao estresse e aparece como consequência de um estado prolongado de estresse no trabalho.
É uma doença que está muito relacionada aos dias de hoje – na nossa era chamada também de pós-modernidade – onde o trabalho se tornou prioridade e grande parte do tempo e energia de uma pessoa é direcionada para esta área. A importância dada ao trabalho teve inicio após a Revolução Industrial quando iniciou uma maior preocupação pelo aumento de produção pelas indústrias, exigindo do homem hábitos e desempenho que jamais demandado antes.
A exigência sobre o indivíduo continuou a crescer e o sucesso profissional foi se tornando cada vez mais importante, e, com ele veio toda uma busca cada vez maior por uma profissão reconhecida, com bom desempenho e bom salário.
Outras áreas ligadas ao burnout
Com o passar do tempo a demanda só cresceu não ficando mais restrita somente ao trabalho, mas envolvendo outras áreas da vida de uma pessoa:
Na área pessoal há uma exigência em se ter uma alimentação saudável e uma rotina de atividades físicas para a manutenção do corpo.
Na área familiar, é preciso dedicar tempo a essas pessoas importantes na nossa vida.
Na relação com os amigos é importante destinar algumas horas no mês para conversar e se divertir.
Além das viagens e hobbies pessoais que se intercalam nos finais de semana.
Mas fazer tudo isso exige tempo e energia e que, muitas vezes, ele mesmo não tem. São muitas atividades para um limitado período de tempo.
Para a mulher a situação se agrava um pouco mais com a jornada dupla de trabalho, o que torna essa categoria muito mais suscetível ao desenvolvimento da doença.
Por todas estas razões, e ainda outras nem mencionadas aqui, o desenvolvimento desta síndrome está muito associada ao estilo de vida da sociedade que se vive hoje em todo o ocidente.
Essas necessidades, obrigações e desejos juntas demandam tanto de uma pessoa que a chance de desenvolver a doença é maior quanto mais cheio de atividades estiver sua agenda.
Características pessoais
Até agora foi falado dos aspectos sociais que recaem sobre o indivíduo, e é certo que a sociedade tem uma grande parcela de responsabilidade quando falamos em burnout, no entanto, vale a pena olhar também para as singularidades de cada pessoa e que também pode contribuir muito para o desenvolvimento da doença.
O que observamos é que normalmente a pessoa que sofre com burnout tem algumas características pessoais específicas que são comuns:
Normalmente não conseguem ficar paradas sem fazer nada e sempre estão envolvidas em alguma atividade. E quando não tem, ela cria.
Preguiça não existe para esta pessoa!
Não reserva um tempo para descansar porque está sempre ocupada.
Geralmente sai do trabalho e continua a trabalhar em casa. O que acontece é que desta forma o cérebro continua a ser demandado, só que agora em casa. Porém o cérebro não consegue distinguir entre um trabalho em casa ou no escritório, tudo é trabalho e exige tempo e energia. Desta forma, não há descanso. Quando esta situação continua a se repetir por dias, meses ou anos o corpo e a mente se desgasta chegando, muitas vezes, ao esgotamento.
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Sintomas
Uma vez esgotada a pessoa passa a se sentir mais irritada, inquieta e ter baixa intolerância às frustrações. Afeta também os níveis de concentração e, consequentemente, há queda no rendimento. Infelizmente isso vira um círculo vicioso onde a pessoa, com baixa concentração, não consegue desenvolver seu trabalho como gostaria, ou até mesmo como deveria, e fica nervosa e frustrada com ela mesma.
Ainda tem outras consequências para o corpo, o emocional e para as relações pessoais:
Faltas no trabalho
Aborrecimento constante
Distanciamento das pessoas
Impaciência
Conflitos pessoais
Aumento no consumo de álcool e remédios
Ambição
Outra característica de quem tem disposição a desenvolver síndrome de burnout é a ambição. Geralmente são pessoas que exigem muito de si mesmas e, muitas vezes, mais do que pode alcançar. Normalmente o que deseja alcançar é grande, e a exigência e dedicação pode estar além do que a própria pessoa pode dar.
Existe um limite para cada um de nós! E ultrapassar esse limite é um caminho que facilmente direciona a pessoa para o desenvolvimento do burnout.
Muitas vezes a expectativa que se tem de si é maior do que realmente se é. Entre essa expectativa e a realidade da pessoa existe uma “distância” que não está se conseguindo alcançar e estar sempre em busca desta expectativa cansa e correndo o risco de chegar ao esgotamento, desenvolvendo aí a síndrome.
Coragem
A coragem de ver a nossa limitação e imperfeição é muito importante para aliviar e tirar o peso que sente quando se está nesta roda viva, significa se dar a possibilidade de fracassar em algum momento da vida, como qualquer ser humano falível que somos. É se dar o direito de olhar para as fraquezas e finitudes sem precisar se sentir o pior.
Aceitar as limitações e fraquezas já é um grande começo para a cura.
Muitas vezes é difícil admitir que se precise de ajuda, mas admitir também é uma importante iniciativa para o processo de cura. Expor o problema para pessoas amigas e confiáveis que estão dispostas a ouvir e compartilhar suas angústias ajuda a aliviar e se sentir mais leve.
Todos conhecemos a velha frase “Ninguém é perfeito”, porém aplicar isso na vida nem sempre é fácil, mas essencial para uma boa saúde mental.
Por tudo isso pode-se dizer que o burnout não tem a ver com longas jornadas de trabalho, como muitas vezes se pensa, mas está ligada ao estilo de vida na sociedade e a cobrança que a pessoa se impõe em suas perfeições, ambição e desejo em provar ao mundo sua capacidade e competência.